segunda-feira, 19 de março de 2012

infértil

a palavra de ontem ainda nos serve, somos assim perseguidos pelo dito.

abrevio o que posso e ainda não foi tudo.

nua, transparente e ainda margem, é assim que recolhemos nossos esforços

despistei teu sexo, tomei para mim, catei cada sentido


lembro quando estavas longe e tuas mãos continuavam aqui,

agora me basta o cálice manchado, uma água turva para o banho, uma cópia surrada do Klee na parede e teus sonhos tortos


não há salvação no verbo

domingo, 29 de janeiro de 2012

não tenho a vida recortada, atravesso a rua e ainda é domingo, fagulhas de futuro ao ar, lanço mão. Era assim, eu ir e você recuar, e numa sinistra ciranda não haver lugar comum, mas daí passou.

Ontem eu fui, e aí não era nada, como ser? para flutuar e ser válido não pode deixar afogar as pernas na água, o corpo deve ficar todo ereto, com exceção ao dorso, tudo deve ficar exposto, assim água e atmosfera são equilibrados pelo corpo que segue conforme a vontade dos dois.

penumbro minha casa para que haja alguma fantasia

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

saltou uma palavra que eu não esperava
era intenso aquele dia, ainda que chovesse

não basta estar ali pra ouvir, é preciso revirar o colchão pelo avesso para entender como dormem os dias;
uma epifania, poderia ser dito a qualquer momento, mas foi ali, onde não estava a escutar,
no abismo, na sombra, ali onde os olhos não chegam e a água é fria
quando dito não cabem argumentos

sábado, 2 de julho de 2011

"num dia assim calado você me mostrou a vida e agora vem dizer pra mim que é despedida"

-com o que ficarei?
-três nós, dois cálices de conhaque, uma casa vazia

preferi me retirar a ficar com nada, trouxe comigo a casa vazia e alguns goles de amargura, já não adoeço mais. Com algumas palavras e muito sofrimento disse adeus e ainda dormiu do meu lado como se dissesse: - vou ficar, e eu nem acreditei, mas antes do primeiro café eu já estava só. Dá sorte caminhar deVagar.

e vieram noites azuis, sons atravessados de pequenos espinhos e ganhei algumas alegrias só pra consolar!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

voltei pra cá, um dia a gente volta, venho pobre, triste, caído, não acredito em dia após dia, é tudo a mesma coisa!
coisei com a noite estranha, deitei e continuo aqui
não há esperança sem perder, eu que nem sei o que perdi
boa noite

sábado, 6 de novembro de 2010

ode a Ariana ou a arte de ouvir

hoje
tudo foi tão teórico, mas eu queria sair, daqui pra lá
queria ouvir alguma coisa nova, ainda não deu
voltei para o início
eu queria contar uma história e deixar tudo ficar bem, mas narrativas não são meu forte, prefiro poesia e música, não que eu saiba fazer alguma, é só para experimentar. havia um tempo em que burocracia e mediocridade estavam próximas, hoje eu tenho que ficar feliz por mim mesmo, já me pensei melhor, hoje colho romãs, mamãe diz que dá sorte.
Penso em Dionísio e Ariana, por não serem felizes era possível, li algo agora pouco, talvez amor e felicidade não combinem, também já fui melhor com moda.
Um dia tu me chegaste feliz, mas nem lembro que dia foi, acho que tomaste do meu remédio, é aquele tarja preta e que deixa pra baixo, queria ser feliz sem saber. esqueci que não gosta de música.
outro dia achei uma goiaba "devez", verde por fora e vermelha dentro, são as mais gostosas e as do alto nunca tem bicho, lá não dá pra pegar, quem sabe amanhã?
eu ainda gosto de poesia e nunca te ouvi, acontece a gente não ser assim, margarina e pão, olho e boca.
Poderia falar hoje sobre um filme que não vi, Bergman me cai bem, lembra dele? um dia, melhor, uma noite dessas com solvente tu me apresentaste algo parecido, mas assim acaba sempre dia, palavras frígidas,
Ariana negando seu amor, logo ela, quem espera e mente, Hilda também sabia cantar.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

não acredito no contido,
nem naquele que reserva partes para loucura

aspiro explosões e o dizer sempre prestes a emergir
paixão em mãos fortes que me tomem por último e segundo

ontem me revirei na indiferença,
agora já nem faz tanto sentido
são apenas cinco camadas de orgulho
talvez, ainda chegue lá


nas camas frias de um eminente verão vou me recolhendo
só para escapar do vento e da dor